sábado, 22 de dezembro de 2012

Cantoria de Natal



Cantoria de natal
Seu nome era Osvaldo, um peru. Nunca quis ser outro animal. Amava sua vida de peru. Morava numa fazenda onde tinha vários amigos bois, cavalos, cachorros, vacas e até galinhas. Viviam como uma grande família. Cantar era uma de suas atividades prediletas. Não importando o tipo de música: jazz, rock, samba e até MPB. Uma vez até substituiu o galo no amanhecer do dia, foi uma ótima experiência.
Na rotina da fazenda, havia uma reunião mensal, onde todos os bichos estavam juntos. O mestre de cerimônia e líder da área animal daquele recinto era Rato Lúcio. Começou então a assembleia. “Boa noite machos e fêmeas. É um prazer dar início a mais um encontro da nossa sociedade. Começamos o mês de outubro e aviso que estão abertas as inscrições para o sorteio dos animais que mudarão de moradia. No mês de novembro será a vez dos perus, como acontece todo ano nessa época. Se não houver nenhum peru inscrito, como aconteceu no ano passado, faremos um sorteio. Por favor, colaborem. A assembleia está encerrada.”
Um cochicho enorme começou a se espalhar pela fazenda. Um peru precisava mudar de moradia, de fazenda, de lar. Abandonar a família. Quem seriam os voluntários? Se é que haveria voluntários... Osvaldo ficou pensando em cada palavra que o Rato Lúcio dissera. Tinha que haver alguma explicação.

Osvaldo estava procurando uma solução. Sabia que nenhum de seus irmãos iriam se inscrever, nem ele. Mas era preciso. Alguém tinha que fazê-lo. A próxima assembleia estava prestes a começar, e nenhum peru colocara o nome. Sorteio. Rato Lúcio começou a falar: “Boa noite machos e fêmeas. Já é novembro, o mês dos perus. Vamos conferir a lista”. Nesse momento, Osvaldo começou a cantar, a música que os bichos mais gostavam: do coração. Enquanto cantava, se direcionava ao palco e fez o restante de sua apresentação ali. Rato Lúcio olhava pra o peru cantor sem entender o que estava acontecendo enquanto o restante dos animais vibrava com o talento de Osvaldo.
Osvaldo tomou o lugar de Rato Lúcio e começou seu discurso de despedida. Falou sobre os muitos momentos únicos e felizes que tinha passado na sociedade e na sua família, que iria embora com uma vontade louca de ficar. Ressaltou os nomes de seus melhores amigos: Luís, o cão e Angelina, a galinha. Os animais que antes vibravam com a música do peru, agora estavam choravam com sua fala. Rato Lúcio entendeu a mensagem e encerrou a assembleia.
Osvaldo mudou de fazenda. Conheceu outros perus. Não deu tempo de fazer amizade. Cantando, foi pro abate. Usará seu corpo e fará seu show. Seu papel na CEIA de Natal é tão importante quanto seu talento. A vida é quase justa.

Olá queridos, tudo bem?
Esse foi minha narrativa especial de Natal.

O texto "Cantoria de Natal" foi produzido sábado(22) com o objetivo de preencher nota da disciplina de Laboratório de Produção Textual. 
As 'regras': texto narrativo; de 30-40 linhas; contendo obrigatoriamente as palavras CEIA-FAMÍLIA; título criativo. 
A ideia de narrar a vida de um peru não foi minha. Meu amigo Tiago Resende (@resendetiago) me ajudou nessa, merece as honras. Valeu brow!
Comentem e deixem registrados os seus pensamentos sobre Osvaldo, o peru.
Beijos, boas festas.
Bela Analu

Ps.: não esqueçam do verdadeiro sentido do Natal. O presente de Deus para nós: Jesus Cristo, a luz do Natal.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Luda

Sente-se em uma das cadeiras de macarrão da sala acolhedora e fique à vontade. Sentada do seu lado direito uma vó babona. À sua frente, de pé em cima de outra cadeira, uma simpática garotinha, cabelo curto, vestido sujo de terra e um sorriso feliz. A menina é chamada de "amada" pela vó:
- Amada, canta a música Imagine pra mim?
A menina respondeu com um olhar de "de novo, vó?", mas cantou, lindamente. A vó olhava apaixonadamente para a menina, um amor único descrito nos olhos, das duas. Quando a música acabou, a vó abriu os braços e a caçula do caçula foi abracá-la. Mas que cena linda, queria tê-la vivido mais vezes.

Não conheci minha vó materna, mas sei de suas histórias de luta e superação, é definitivamente um exemplo pra mim. Pelo fato de o meu nome ser uma homenagem às minhas duas avós, Ana (mãe da minha mãe) Lourdes (mãe do meu pai), sempre fui muito apaixonada. A vó que lhe recebeu na sala com cadeiras de macarrão era a Luda, mãe do meu pai. Como toda vó, era louca por todos os seus netos, sabia o nome e o prato predileto de todos. Não era uma super mestre cuca mas fazia um ótimo doce de banana. Lembro saudosa do seu cuidado exagerado por mim. Sou a filha caçula do filho caçula, aí já viu né? Ela e meu vovô me amavam muito e não escondiam de ninguém esse sentimento maravilhoso.

Luda foi uma esposa, mãe e vó digna de muitas homenagens e de ser copiada. Pena que quando ainda estava por perto eu não tinha tanto talento para lhe mostrar, lhe agradecer ou lhe fazer orgulhosa por me ter como neta. Minto, tinha sim. Cantava pra ela a música Imagine, quantas vezes ela quisesse. Fazia com alegria, sabia que ela gostava da música e que amava me ver cantar em cima da cadeira. Adorava vê-la tomando café com leite com pão de sal ou biscoito mergulhado no café, faço isso hoje e me lembro com amor do seu amor. Lembro que ela valorizava a minha presença mexendo no meu cabelo, me chamando pra assistir novela mexicana no meio da tarde, ou me dizendo pra eu andar calçada.

As avós, generalizando, são todas sábias, saudosas, amáveis, briguentas, corujas, sabem fazer café, dão dinheiro pro doce, têm um armário exclusivo de vestidinhos confortáveis de usar em casa, deixam os netos andarem de bicicleta e se melarem na terra, têm na farmacinha um Biotônico Fontoura, entre outras características engraçadas e fofas de vovós.

Se você ainda tem uma vovó, ou é uma vovó, ou quer ser uma vovó, valorize essas super mulheres. Seja uma vovó que os netos lembrem com carinho, uma vovó que briga na hora certa, que dá conselho pras netas sobre namorados, que diz que quer conhecer a namorada nova do netinho, seja uma vovó única, que ama e cuida. Ame a sua vó, valorize-a, penteie o seu cabelo, assista o programa dela predileto, cante a música que ela mais gosta, tome um café com ela e pergunte sobre o dia, dê presentes em datas não especiais, ame sem medidas.

Pras avós, o amor dos netos é o melhor presente que seus filhos podem lhe dar.

Ludinha, que saudades de você! Vou cantar mais Imagine. Beijão, da Amada.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Casal

Olá queridos. Trago hoje um dos meus textos prediletos, um dos mais pessoais. Alguns já conhecem. Vale a pena ler de novo. :)
Boa leitura.


Homem e mulher, entre as criações divinas as mais perfeitas, talvez por terem sido as últimas a serem criadas e as primeiras a serem pensadas, talvez por se distinguir dos outros animais pela racionalidade ou talvez por terem um plano de salvação feito pelo próprio Deus e exclusivo para sua espécie.
Para esses dois seres, existem várias condições de convivência: podem ser irmãos, podem ser amigos de infância, vizinhos, colegas de trabalho, quem sabe uma dupla sertaneja, ou então, com uma bela paixão e brilho no olhar formando assim um casal.
Nunca esquecerei daquele belo casal que há muito vi na beira-mar (para que os leitores pensem que moro numa cidade litorânea) em um gracioso fim de tarde de Dezembro, mês em que tudo é mais bonito, até um simples pássaro com seu suave cantar nos meados do sábado nebuloso é fabuloso. Pelo jeito que conversavam já tinham certa intimidade, sorriam como duas crianças na melhor parte da brincadeira, se beijavam com intensidade e ao mesmo tempo com delicadeza – típico de namorados apaixonados – e não escondiam de ninguém que eram melhores quando estavam juntos.
Para ambos importava somente um ao outro, e essa harmonia é linda e rara na atualidade. Apesar de inicialmente escrever esse texto sem objetivos de críticas contra o romantismo e sua efemeridade no século XXI, a chamada para expressar meus pensamentos e sentimentos através das letras e linhas é quase que impulsiva. É notório que os rapazes e moçoilas de hoje não estão assim ligados para a felicidade e a aprendizagem que se vive num relacionamento, e sim somente se importam com o ato da conquista, do ficar e, é claro, de ter um nome a mais na lista “já peguei”, “passei a mão”, “tô pegando”, “já foi minha” e outros bordões banais e idiotas que se usam. Mas, essas situações não convêm a nós que estávamos viajando numa linda cena do casal á beira do mar, então, voltemos a ela.

O brilho no olhar, como já foi citado antes, e o sorriso simples, sincero e apaixonado estavam presentes nos rostos dos dois. Aquilo me encantava de um modo tão singular que me fez voltar àqueles tempos em que o papel da moça deitada nos braços do amado sobre a grama verde e podada era meu. Realmente me identifiquei com aquele casal, apaixonado, sorridente e feliz por simplesmente ter um ao outro. Tudo aquilo aconteceu quando éramos lindos e dispostos adolescentes, antes de casarmos e antes de recebermos a bênção maior que chamamos de Levi.
O sol se pôs, tanto na tarde daqueles dois, quanto na minha memória, mas não significa que o sol das nossas vidas se foi, definitivamente ele não se foi. Mas o casal teve de ir embora, a moça linda deixou cair um sorriso torto e simpático quando passou por mim, a mãe do garotinho fofo no balanço do parque. Será difícil esquecer daquele fim de tarde que me fez reviver, relembrar, repensar e enxergar que ainda somos sim um casal de namorados, só que com algumas – pra não dizer ‘muitas’ – responsabilidades a mais, um casal que ainda é apaixonado um pelo outro, pela vida e pelo precioso Levi.



Entãão, o que acharam? Deixe seu comentário. Ficarei super feliz em lê-lo. 

Beijos,

Bela Ana.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Rapidinha dum infinito amor adolescente

Sem falar muito sobre os personagens (nome, idade, cor do cabelo ou número do sapato) lhes dou o texto dessa semana.
Enfim, leiam e viajem. :)


"Pode ser até clichê, mas estava chovendo muito naquela noite. Chuva forte e céu escuro combina com sofá, filme e chocolate quente. Era uma história real, com guerras, morte, amputações, paixão, família e amor impossível. Tarde ótima! Já no começo da noite, a campainha tocou, fui atender e te vi. Lindo e sorridente como sempre, todo molhado com olhar que dizia ‘deixa eu entrar?’ não pude dizer não. Peguei uma toalha, você se secou e liguei o aquecedor, conversamos como dois amigos que não se viam há 15 anos, contrariando os dois dias que ficamos sem nos falar. Fiz um jantar simples e gostoso e você me elogiou dos pés a cabeça, mesmo eu vestida de calça de pijama, blusa velha e havaiana.
Tava louco pra te ver e aquela chuva me inspirou e me deu coragem pra fazer o que há muito tinha planejado. Eu sabia que em dias de chuva você ficava em casa com seu delicioso chocolate quente. Sabia também que não era o melhor horário para uma visita, mas fui. Você abriu a porta, linda simplesmente, havaiana, calça de pijama, blusa simples, sem maquiagem, cabelo no coque e perfeitamente linda. Me recebeu super bem, com toalha pra me enxugar e aquecedor pra esquentar, uma conversa boa pra passar o tempo. Completando, fez um super jantar maravilhoso e saboroso. Mas bem que poderia ter sido melhor.
Eu olhava no seu rosto e via que você queria me dizer algo importante. Nossa amizade era linda e não tinha como negar que havia alguma coisa a mais entre nós. Mas eu não podia falar. Espera vir de você.
Já tinha o discurso pronto, mas não conseguia falar. Sei lá, olhar pra você me dava um sentimento de paz tão grande, mas quando pensava em falar sobre o meu sentimento minha garganta trancava. Você, tão linda, tão boa demais pra mim, um marmanjo apaixonado. Sei que meu olhar de bobo não disfarçava mais. Eu já estava na sua e não tinha como voltar.
Levantei da mesa pra arrumar a cozinha, você gentilmente se ofereceu pra ajudar. Já estávamos quase acabando de lavar as louças.
E você deixou cair um prato ou ele escorregou. Limpei tudo e cheguei mais perto  de você, aproveitei o momento lindo de intimidade – na cozinha – e falei: cansei de te amar sem palavras. O que acha de ser minha namorada?
Fiquei assustada, foi o pedido mais fofo e estranho de todos os tempos, mas respondi à pergunta com um beijo super apaixonado. E a nossa noite estava só começando. Sentamos no sofá e ficamos nos chamando de ‘namorado’ e ‘namorada’ e analisando o tanto que éramos lindos juntos. Queríamos mostrar pro mundo e pra todos nosso amor que não estava mais escondido dentro de nós, já se tornara externo. E eu achava aquilo o máximo.
Esperei você trocar de roupa, pegamos seu carro e reunimos a galera, nos apresentamos como casal, todos vibraram. Para fazer cumprir muitos “vocês deviam namorar”, “você formam um lindo casal” e mostrar a alegria de te ter só pra mim.
Namorar o melhor amigo? Uma experiência e tanto. Você me conhece, já me viu arrumadíssima e feiosa, sabe meus gostos e planos e até quando minha gargalhada é forçada. Isso é ótimo, mesmo. Espereo ser sempre sua. E que nossos planos continuem sendo construído juntos.
Minha namorada é uma princesa de verdade. Sou louco por você, e quero te ter sempre ao meu lado. Talvez há quem diga que ainda é cedo pra se estar tão in love mas há muito tempo que eu te amo e isso não é passageiro.
E com esses mini discursos encerramos nossa primeira noite como namorados, a primeira de muitas que virão. Noites que cercarão nós dois. Que fomos amigos que se apaixonaram, que hoje se amam. E sabemos que pro amor verdadeiro, não tem limite. Seguir em frente independente do que aconteça, sabendo que estaremos juntos, sempre juntos."

Espero que tenham gostado, entendido e acompanhado o ritmo do negrito e itálico!
Comentem e deixem o vosso parecer, façam-me feliz.

Ps.: O 'rapidinha' do título inicialmente era por causa do tamanho do texto, mas pensando bem que não ficou tão pequeno assim.
Ps².: Obrigada por todos os +10 comentários no último texto, vocês são demais!
Ps³.: Vocês viram que eu amo 'ps' né? HAHA

Beijo,
Bela Eu.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sempre um desafio.

 Taí uma imagem que me desafia sempre: a página do word totalmente branca!
Tem dias que me dá um medo, em outros escrevo com sorriso no rosto. :)
Queridos, falhei na última semana. Minhas desculpas. (Eu nem gosto de publicar pedindo desculpa, mas vejam: um orgulho foi quebrado. Fiquem felizes!)
Farei de tudo pra publicar um texto aqui nessa semana especial que começa hoje!
Beijos meus,

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Só pra mim.

Ter alguém, só pra você. Quem nunca imaginou? Quais seriam suas características, seus pontos fracos e fortes. Seus gostos. Seus sonhos. O seu alguém. Pensando nisso, saiu isso. Tenham uma boa leitura.


O homem ideal: não ser perfeito para todas, só para mim. Que seja mais velho, sempre sorridente, daquele tipo de pessoa que coloca qualquer um pra cima. Um homem de Deus. Que me aguente nas crises existenciais e de TPM. Que fale a verdade, quando eu tiver ou não merecendo ouvir, e que esteja preparado para o perigo desse ato. Brigue comigo visando uma mulher melhor. Tenha coragem de enfrentar desafios em nome de nós dois. Me elogie até quando estiver vestida com o look ‘ir comprar uma coca na venda da esquina’. Seja charmoso. Que ria das minhas piadas sem graça. Que conte piadas sem graça que me façam rir. Seja sensato o suficiente para me apoiar nas minhas loucuras e investimentos. Tenha uma gargalhada gostosa de ouvir. Me leve para conhecer lugares novos. Me transforme numa aventureira. Goste de viajar. Fale inglês. Me inclua em seus sonhos. Faça parte dos meus sonhos. Descubra em mim qualidades e defeitos que nem eu mesmo sabia. Tenha defeitos e qualidades que eu ame. Goste de contar histórias. Goste de ler. Goste de ler os meus textos. Seja tema/inspiração constante nos meus textos. Tome sorvete de morango comigo. Veja em mim a sua mulher ideal. Brinque comigo. Sorria comigo. Beije comigo. Me ame.

Obs.: Retribuirei!

Sua bela,
Ana Lourdes
Imperatriz - 29 de Outubro de 2012

Deixe o seu comentário, faça uma blogueira feliz! :D

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Canto de boca


Feriado tem cara de descanso, que tem cara de deitar numa rede, que tem cara de não conseguir descansar, que tem cara de ficar olhando pra cima e pensar num texto, que tem cara de pegar um papel e uma caneta, que tem cara de não conseguir terminar o texto no espaço do feriado nem no fim de semana. Enfim, cara de texto novo. Aproveitem.

Canto de boca
Era uma tarde quente na acolhedora e pequena cidade. O motivo da nossa visita à casa da vovó era o aniversário do tio caçula, o preferido dos sobrinhos. O legal das reuniões de família além do reencontro, das festas de três dias e das piadas sem graça do vovô, era conhecer parente seu que você nem sabia que existia. E aquela menina era linda!
                Com um corpo violão e um sorriso constante, Rafaela foi apresentada por tia Helena que explicou qual era a parentela entre eu e a moça , o que não me prendeu tanta a atenção quanto seus olhos cor de mel. Com meus míseros 22 anos e quase sem experiência, me conformei como mais um admirador de Rafaela. Sem deixar de mencionar sua simpatia e carisma.
                Ao perceber que aquele era o primeiro dia da festa, comecei a fazer planos para conhecer Rafaela melhor. À noite a cidade não tinha muitas opções de entretenimento, os tradicionais sentavam à porta e se atualizavam das novidades do dia.  Com essa deixa, chamei minha mais recente prima pra tomar um sorvete. Acreditem, ela aceitou, e nossa noite foi ótima, recheada com gargalhadas e aproveitamos o tempo para conhecermos melhor um ao outro.
                Rafaela, menina doce e feliz de 19 anos, estudante de medicina veterinária, sua paixão. Eu, feio Luiz, 22 anos, cursando geografia. Morávamos em cidades diferentes, uma distância de 913 km, um romance entre nós era quase impossível. Mas um amor de verão não faz mal pra ninguém!
                Rafa era prestativa e disposta a ajudar, ou seja, sempre estava na cozinha ajudando tias, mães e avós a fazer deliciosas comidas para todos. O tempo que tínhamos para estar juntos era curto, mas aproveitamos bastante. Na segunda noite fomos a um pub aconchegante, cheio de jovens bêbados e ‘felizes’. Naquela noite tomamos só refrigerante, mas conseguimos já montar um perfil da vida de cada um.
Em um determinado momento, falávamos sobre emoções e a influência delas na vida das pessoas. Estávamos vivendo um clima ótimo, foi quando começou uma música romântica no restaurante e naquele minuto experimentei o beijo de Rafa. Era exatamente do jeito que eu imaginava ser. Lábios suaves, gosto único, com meus olhos fechados lembrava o quanto Rafaela era linda e encantadora e quem sabe se não formaríamos um lindo casal? Tenho certeza que Tia Helena aprovaria.
Quando o beijo acabou, nos olhamos e demos um sorriso de canto de boca, como amei aquele sorriso! O nosso aperitivo chegou, comemos. Mais beijos aconteceram. Me senti um rapaz muito feliz naquela noite.  Voltamos pra casa de mãos dadas e percebemos que nosso romance já não era secreto pra ninguém. Começaram então as brincadeiras de “como vai ser o nome do filhe de vocês” e “quero ser madrinha!”, nós dois ríamos numa linda sintonia de deixar muito casal de namorados com inveja.
E o último dia da festa começou, o almoço principal aconteceu, presentes foram dados, discursos foram feitos e lágrimas rolaram. Chegou a hora de se despedir, não só de Rafa, mas de todos. Abraços, desejos de felicidade e um beijo final de despedida. Planos que duraram só uma noite mas ações em três dias que muito valeram a pena.  O melhor amor de verão da minha vida.

Ana Lourdes 
Açailândia/Chácara Memorial
Feriado - 12 a 15 de Outubro de 2012

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Notícias

Esse texto vai diretamente para todos os fãs do grande escritor Carlos Drummond de Andrade! Em 2010, participei de um concurso (nível nacional) de produção textual realizado pela Fundação Assis Chateubriand, que nos propunha a escrever um conto sobre CDA, sua vida e carreira ou uma intertextualidade. O conto tinha que ter no mínimo duas laudas. Lembro que foi um professor amigo que me propôs a esse desafio. Para compor o texto, tive que ler muito sobre o autor, suas principais poesias e contos. A principal referência para escrever o meu conto abaixo foi a poesia Quadrilha, quem não leu, leia (se não, não vai entender nada)!

Segue o conto.


NOTÍCIAS
Era um casal aparentemente feliz. Observando os dois, me identifiquei com a moça. Mas para não bancar o conquistador de mulheres acompanhadas, tratei de desviar meu olhar e focá-los no “humilde”, para não dizer farto, cardápio do novo restaurante da cidade.
            Assim como eu, os dois tinham acabado de chegar ao local e também estavam admirados com a decoração e iluminação do lugar. Olhei mais uma vez para a mulher, de idade mediana, entre 30 e 35 anos, não muito atraente, mas “cheia dos enfeites” como dizia minha mãe (que Deus a tenha!). Estava acompanhada, como já disse anteriormente, por um homem apresentável, aparentemente rico e que usava um bigode bizarro.
            Esquivei o olhar novamente para o menu e pedi um Filet au poivre (filé mignon ao molho de pimenta) e um vinho tinto de 1826. Tentei observar as pessoas ao meu redor, mas a imagem da mulher que estava com o homem de bigode não saía da minha cabeça e somente por um motivo: eu a conhecia de algum lugar.
            Talvez eu a conheça da rua onde morava quando era criança, onde várias famílias compartilhavam suas alegrias, vitórias, batalhas e tristezas com os vizinhos. Lembro também que minha mãe era a conselheira oficial da rua, na minha infância querida.  A minha infância, que não volta mais. Não, não poderia ser; eu me lembro de todos os amigos que fiz e que brincavam comigo quando era ainda um mero moleque (quem lê assim pensa que hoje sou alguma coisa. Ai, ai...).
                É provável que eu a conheça da Faculdade de Farmácia, onde fiz dois períodos, pois eram obrigatórios para trancar o curso, com o qual não me identifiquei. Mas também não porque eu recordava de cada aluno da nossa turma. Afinal, só éramos sete. Lembro-me até mesmo dos nomes de cada um: Silvana, Graça, Jussara, Lucilene, Eu, Henrique e Ricardo. Aquela mulher não era nenhuma das meninas e com certeza não era Ricardo ou Henrique.
            Quem sabe eu a conheça da minha juventude. Depois de ter trancado, leia-se abandonado, o curso de Farmácia, lembro que ingressei num grupo de amigos. Claro! Ela era da minha juventude! O meu grupo de amigos tão próximos e tão confusos com o futuro. Outra época que não vai voltar. Estou impressionado com a minha melancolia. Como poderia ter esquecido? Aquela era a Lili! Lembro-me bem que era a chata do grupo, sempre resmungona, sem planos pro futuro, sem paixões, sem desejos. Só tinha a nós, que apesar de tudo, a amávamos.
            Ah... As lembranças me traziam alegria por tê-las vivido e tristeza por não poder vivenciá-las outra vez. Cada loucura, cada aventura, tanta coisa vivemos juntos! Que bom reencontrar alguém da nossa turma! Todos aqueles fins de tarde, quando o sol já estava se pondo... Conversávamos sobre como tinha sido o dia de cada um, os problemas que enfrentávamos na nossa vida de pessoas “responsáveis”. Discutíamos às vezes até mesmo aqueles assuntos que na época eram considerados tabus, como sexo, política, futebol, religião e muitos outros.
            Voltando à mulher acompanhada e reconhecida por mim como Lili, amiga de juventude, eu tinha de ir falar com ela! Depois de ter passado uma temporada nos Estados Unidos, resolvi voltar para a terra onde passei os melhores dias da minha vida, quando era um jovem rapaz ainda com muita disposição e participava do melhor grupo de amigos já existente na cidade.
            Estava sedento por novidade daqueles queridas pessoas que marcaram minha vida, e com certeza Lili poderia resolver esse ‘probleminha’ pra mim. Sim, eu sou quem você está pensando. Sou João, aquele que era apaixonado por Teresa. Quero saber notícias dela, de Raimundo, Maria, Joaquim, será que já casaram? Já têm filhos? Conseguiram realizar seus sonhos? Para saber de tudo, tenho que ir falar com Lili. Mas, como chegar num mesa e falar com uma mulher acompanhada? Aposto que o bigodudo é marido dela. Meu Deus! Até Lili arranjou alguém e eu não. Agora que eu não vou lá mesmo. Não... Eu tenho que ir, por amor aos meus velhos amigos e às notícias que quero deles.
            - Boa noite?!  (Bem, depois de discutir comigo mesmo durante alguns minutos, acabei cedendo aos meus próprios argumentos).
            - Boa noite. – só o bigodudo respondeu.
            - Com a sua licença cavalheiro, permite que eu conversa com a senhorita que está sentada ao seu lado?
            - Sim, claro. Mas primeiro diga-nos quem és.
            - Sou um velho amigo da sua companheira, que até agora não me reconheceu, mas se eu lhe falar que a chamava de Lili, com certeza irá lembrar de mim. – Lili deixou de fazer aquele olhar de desdém que aos poucos foi transformado em curiosidade. Fiquei receoso de estar ali, mas então continuei: Sou João, o que amava Tereza, lembras de mim?
            - João...? João Cláudio Damasceno Santos? – fiz ‘sim’ com a cabeça. Então, o sorriso encantador e envolvente da Lili formou-se em seu rosto -  Claro que lembro de você! Sente-se conosco, por favor. Como pude esquecer? Mas diga –me como vai? Quando voltaste? Já tens uma família?
            Lili estava mudada, mais comunicativa e sempre com um vasto riso durante nossa conversa. Não sei se pelo fato de reencontrar um amigo de juventude ou por estar acompanhada de um rapaz jovem, bigodudo e rico, que até o exato momento eu não sabia o que eram um do outro .
            - Estou muito bem, obrigado. Tu soubeste que passei um inverno no exterior? Pois é, apareceu uma oportunidade maravilhosa de emprego por lá, como era jovem e sem muita coisa na cabeça, acabei indo, cheguei faz poucos dias. Mas assumo: sinto falta da neve, da língua, dos costumes, mas nada melhor do que voltar pra terra natal, concordas?
            - É verdade, fico feliz por ter você de volta, João. Respondeste duas das minhas perguntas, mas vou repetir a última: e a família?
- Oh, Lili! Não tenho família, meus pais faleceram antes mesmo de eu partir, e definitivamente a mulher da minha vida não é norte-americana. Mas já você... Vejo que estás acompanhada, poderia ter a honra de conhecer este vistoso rapaz?
- Me desculpe, claro que sim. João, este é J. Pinto Fernandes, empresário que veio implantar uma indústria têxtil na nossa cidade. Ele é de Minas, faz uns dez meses que chegou. Agora, a notícia maior: estamos noivos!
- Prazer, Fernandes. Nossa, que maravilha, Lili! Meu rapaz, vou lhe dizer duas coisas: tenha cuidado com essa garota, pois ela é especial pra muita gente e, a segunda: você é um homem de sorte. – J. Pinto Fernandes me parecia ‘boa pinta’, simpático, rico e com certeza faria a minha velha amiga feliz. – Mas digam-me, quando será o casório?
- Ainda vai demorar um pouco. J. Pinto vai ter que passar uns meses em Minas para resolver algumas coisas pendentes na empresa. Quando ele voltar, certamente nos casaremos.
Chega de falar da vida feliz e bem sucedida de Lili. Queria mesmo era saber dos meus amigos, por onde eles andam. Quem sabe eles já possuam uma família e eu tenha vários sobrinhos por aí.
- Desejo sorte a vocês, de coração. Mas, Lili, mudando de assunto, cadê o restante da nossa turma? Joaquim, meu amigo de colegial, comunicativo e garanhão, onde ele anda? Raimundo, com aquela gargalhada maravilhosa de se ouvir, de que estará rindo nesses tempos? E Maria? Sei que ainda conta histórias inimagináveis, mas certamente agora tem um público diferente. Onde está o meu amor de juventude? – Enquanto eu viajava nas minhas lindas suposições, Lili me olhava atenta, diferente de quando começamos a conversar.
- Bem, João, talvez tu não gostes de ouvir essas notícias, mas já que tocaste no assunto, vamos direto ao ponto. – Confesso que fiquei temeroso com as notícias que estavam por vir. Até me deu certo arrependimento de ter imaginado tanto, mas deixei-a prosseguir. – Tudo foi muito diferente do que cada um planejava. Lembras das metas pro futuro? Nenhum de nós conseguiu atingir o alvo das nossas vidas. Raimundo não foi bem sucedido em nenhum emprego, acabou como jardineiro da cidade, até um bêbado irresponsável atropelar nosso amigo. Maria, a confidente e conselheira de todos, envolveu-se com um rapaz que tinha problemas com drogas e bebidas. Um dia, foi violentada pelo namorado e acabou criando um trauma com todos os homens. Resumindo, ficou pra tia. Joaquim pretendia se formar em Engenharia Civil, mas não aguentou a pressão dos cálculos intermináveis na faculdade e acabou tirando sua própria vida. Tu foste pros Estados Unidos e como não pretendias voltar tão cedo, Tereza, arrependida por não ter te dado bola, decidiu ir para o convento. E eu, estou aqui a conversar contigo. – Aquilo me assustou de uma forma inexplicável.
J. Pinto Fernandes tinha se retirado da mesa e nos deixado a sós. Olhei fixamente nos olhos de Lili tentando decifrar se aquilo era mesmo tudo verdade. Ainda tinha receio no meu coração de acreditar em todas as palavras que Lili tinha dito. Mas era verdade. Lili nunca mentira pra mim, não seria agora sua primeira vez.
- Confesso, Lili, que estou chocado com tantas notícias não muito agradáveis ao meu coração, mas agradeço por ter me ajudado. Ah! Repito: estou feliz por você. – Nesse momento, percebi que o pedido chegara a minha mesa. Tive que me retirar, enquanto J. Pinto Fernandes retornava à mesa. – Foi uma alegria te reencontrar, querida amiga. Fernandes, meu caro, cuide bem dessa moça. Foi um prazer. Espero encontrá-los por aí, casados.
Aquele Filet au poivre foi o pior que já comi na minha vida, não pela qualidade do novo restaurante ou pelo gosto do prato, e sim pela situação que passara minutos antes. Na última garfada, pensei comigo mesmo: “João, você tem que continuar a viver”, e foi isso que fiz.
Pedi a conta, paguei e saí do restaurante. Não sei se devo acreditar em tudo que aconteceu entre eu e Lili naqueles trinta minutos de conversa, mas mesmo nenhum de nós tendo conquistado os respectivos sonhos, uma coisa é certa: lembrarei sempre com carinho dos meus queridos amigos de juventude.



Ps.: Ainda não revisei esse texto à luz da nova ortografia, desde já, perdão. :)

Espero que tenham gostado,
Beijos, Bela Analu

sábado, 29 de setembro de 2012

Saia do quarto e viva!


A vida é feita de lembranças. Como as lindas lembranças da sua infância, aquela criança que ainda está dentro de você, que amava brincar na rua, andar de bicicleta, jogar peteca, rodar pião, soltar pipa, contar até 50 no pique esconde, isso, você mesmo. Que tinha medo do escuro, chorava com o trovão, mas mesmo assim amava banhar na chuva..  Gostava de ouvir histórias, sentir-se em um mundo novo. Criava países, eventos, pequenos romances.. Típicas historias infantis.. Promovia desventuras em série, tudo isso em prol da felicidade de um tempo sem dificuldades e de grande magia. Sim, é você.

Aquele pré adolescente do Ensino Fundamental que aprendeu todos os tipos de pronomes, a somar, subtrair, multiplicar e dividir, aprendeu sobre cadeia alimentar, sobre fusos horários, sobre proclamação da república, aprendeu até “I love you” e “Hasta luego”! Aprendeu as primeiras lições da escola da vida. O primeiro amor, o primeiro beijo, o primeiro tchau. Aprendeu sim, a primeira vez de muitas primeiras vezes..

E o que dizer sobre o chatíssimo Ensino Médio? Lá você conheceu a paixão, pode ter sido por colegas ou professores. Era pra ter aprendido função, logaritmo, países emergentes, tipos de solo, orações, palavras homônimas e mais (muito mais)! Mesmo assim, criou mais experiências sobre as formas com que a vida poderá te tratar. As grandes amizades, fortes decepções, altas alegrias, concretização de metas iniciais da vida. Isso tudo no ensino médio, onde muitos acreditam que não aprenderam nada, mas assimilaram muito mais milhagem de vida do que pensam.

Mas agora chegou o tempo. Tudo tem hora: hora de brincar, hora de estudar, hora do intervalo. Hora de crescer. Chega de nostalgia, você tem de andar com as próprias pernas, fazer escolhas, decisões, trabalhar, perder emprego, enxugar as suas lágrimas, distribuir currículo, comemorar sozinho, encontrar alguém, começar a viver. Mostrar que você pode ser o que todos acreditavam que seria ou de mostrar a todos que duvidavam de você, seu potencial. Hora de crescer, de dar frutos, alçar voos longínquos; buscar metas e desafios que deem sentido a sua vida e que lhe torne importante e útil na sociedade em que vive. E que em um tempo você olhe e diga: - Eu ajudei a melhorar o mundo em que vivo, eu cresci.

Você é responsável por vidas que ainda virão, por felicidades que nascerão por decepções que cessarão. Saia do quarto, e viva! É hora de começar a vida. Já chegou o tempo.

Beijos,

Bela Analu

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Esclarecer belezas.

Esse será o meu desafio. Um pouco difícil, não?
Hoje começa uma nova história, de um novo blog, de uma mesma pseudoescritora. 
O blog tem o nome de "A bela esclarecida" que foi uma sugestão de meu amigo Tiago Matos, pelo qual tenho muito apreço e admiração.
Será aqui o espaço onde depositarei textos e imagens sobre mim, a cultura, a cidade, as notícias.
Tentarei ser mais madura, exigente comigo mesma, e melhor do que fui no "A escrita leva às alturas".
Sei que será ótimo.
Espero tê-los por aqui sempre.

Beijos com carinho,


Bela Analu