quarta-feira, 17 de abril de 2013

Todos precisam de uma Dona Maria

Olá queridos leitores, tudo bem com vocês?
Como sugestão do meu querido irmão Ben Rholdan (já quase um homem casado!), publicarei aqui, no Bela, alguns dos meus textos que saíram aqui, na coluna Opinião do portal Do Minuto (um portal de notícias da minha cidade).
Hoje o texto nos remete à infância, nostalgia e... CHOCOLATE!
Sim, esse doce maravilhoso que faz parte de mais de 60% da lista dos vícios mundiais (informação baseada na minha grande imaginação). :D
O texto é uma narrativa suave na nave, espero que gostem.



Todos precisam de uma Dona Maria

Lembro demais da Dona Maria, gente boa que só. Vendia doce ao lado da escola que eu estudei no ensino fundamental. Faz um tempinho isso. Seus brigadeiros e doces de leite eram os melhores da cidade, sem dúvida. Eu sempre fui gordinha. Posso culpar Dona Maria por isso.
Sou louca por doce, desde então. Deixava de lanchar frituras com refrigerante para comprar muitos doces da Dona Maria. Ela tinha uma conversa ótima. Até perguntava como eu estava indo na escola, quais eram minhas matérias prediletas e quais os professores que eu não gostava. Quando descobri que ela e sua filha, Regina, faziam bolos sob encomenda, convenci minha mãe a comprar o bolo da minha festa de aniversário com ela. Contrariada, fez o que eu tinha pedido entre lágrimas e chantagens.

A festa foi um sucesso. E eu não deixei distribuir todo o bolo. Fiquei com mais da metade pra mim. Concluí a sexta série. Nas férias, sobrevivia sem os doces da Dona Maria, com o consolo de tê-los em dobro na volta às aulas. Mas naquele ano não voltei às aulas. Não naquela escola. Meu pai foi transferido para uma cidade do interior. Mudamos em Janeiro. Fui matriculada na melhor escola particular da cidade. Tristemente, era uma novata. Como era chato ser novato. Além de não conhecer ninguém, nem a escola, nem a cidade, nem igreja tínhamos para frequentar. Lembrava saudosa dos doces da Dona Maria. Emagreci que só naquele ano.
Com a falta dos doces diários, tive que aprender sozinha a fazer meu próprio brigadeiro. Dizem que é gostoso. Modestamente, eu amo! Mas mesmo assim, não são nem comparáveis com os da Dona Maria. Os de leite, nunca aprendi. Quer dizer, nunca acertei fazer como deveria. Mas um dia ainda volto lá, Regina deve ter herdado a colher de pau de sua mãe.  Há algum tempo, decidi me controlar: como chocolate só umas três vezes por semana. E consigo ainda conservar meu peso. Sou quase uma heroína.

Ana Lourdes Pereira
1º de Fevereiro de 2013

Espero comentários e compartilhamentos.
Beijos e queijos para vocês. 
Bela Ana.

sábado, 23 de março de 2013

Um desses que escrevem.

Já notou a singularidade de cada escritor? O poder e o manejo que eles têm com as palavras? Pensando nisso, compus esse pequeno texto. Leiam. :)

UM DESSES QUE ESCREVEM

Taí que escrever não é pra qualquer um. Escrever não é só colocar a sequência letras/palavras, palavras/frases, frases/texto. É muito mais do que isso.
Para escrever tem que ter coragem de passar para o papel ou para a tela de um computador tudo o que se sente, vê e pensa.
Para escrever tem que ter disposição de ouvir críticas e um sorriso largo para receber elogios.
Para escrever tem que ser louco de 'perder' a noite transferindo ideias através dos dedos.
Para escrever tem que ter paixão pelas letras e pela língua.
Para escrever tem que ter alma de escritor, que vê em qualquer situação corriqueira, uma bela história.
Um dia, ainda quero ser um desses que escrevem.



Agora, comentem. :)
Ps.: Desculpem a ausência.

Beijos, Bela Eu.

(Deu um bug aqui no blog e a fonte das letras não ficaram todas iguais. Perdão por isso.) 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Relapso

Janeiro?  Já foi. E foi um mês excepcionalmente bom, mais Janeiros, por favor!

Sobre o texto de hoje... Já desejou ser mais velho(a)? Ou mais novo(a)? Ou algo assim?
Leia "Relapso" e veja que há outras pessoas como você.


RELAPSO
Corações partidos... são realmente necessários? Thadeu sonhava em tê-la de volta. Um daqueles sonhos que estão na lista dos impossíveis. Queria mais verde, talvez seja por isso que hoje defende a bandeira de ecologia e preservação da natureza. Mesmo sem Virgínia em sua posse, contava com ótima memória e lembrava cada detalhe do tempo que compartilharam. Do seu corpo, da sua voz, do seu sorriso. Éramos felizes, pensa saudosamente. Alguns anos os separavam.
Um de seus melhores momentos juntos foi quando comemoravam uma data especial, a aprovação dela no vestibular para medicina. Lembra que ela estava de vestido verde, um verde aberto, vivo, que chamava atenção. De sapato preto, batom vermelho e sombra escura, VIRGÍNIA estava ‘estonteante’. Thadeu desejou então ser 15 anos mais novo.
Ela teve que mudar de cidade, foi estudar. Thadeu continuou carimbando papel em seu emprego público. Vestido verde... isso, pra um homem apaixonado, é deixa pra suspirar e passar na mente um filme lindo do romance vivido.  Hoje, só basta ver uma mulher de verde, aberto, vivo, que chame atenção, não importando a cor do cabelo, ou a marca do batom, ou a cara emburrada, Thadeu deixa cair um sorriso tímido e saudoso que traduz: volta pra mim, Vi? Às vezes se pergunta ‘o que ela viu em mim?’. Virgínia tinha jovialidade de sobra, ele era um homem careta. E, mesmo sem entender, adorava ser parte do romance.
Fonte: Amib.org

Tem dia que tudo é verde, aberto, vivo e que chama a atenção. Um dia desses na cafeteria, viu ela  do outro lado da rua, de branco. Adulta, de cabelo curto, médica plantonista, com um energético na mão, quem sabe pra segurar um plantão. Não teve coragem de atravessar a rua, faltaram forças. Talvez precisasse daquele energético, a própria Virgínia. Foi covarde. Naquela hora, de olhos fechados, Thadeu sonhou acordado e se viu nos braços dela.
A partir daquela tarde, a cor oficial de Virgínia virou ‘branco’. Agora, ele quer ver mais vestidos brancos, abertos, vivos, que chamem atenção.

E aí, gostaram?
Deixe seu comentário!
Tenham um ótimo resto de semana. Bjos

Ps.: A escolha do nome do personagem masculino do texto foi uma espécie de homenagem a um super amigo que me apoia sempre e me corrige quando é necessário. Ele (também) escreve. E muito bem! Vejam aqui.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Cappuccino de sempre


Feliz 2013 pessoal!
Esse texto vai carinhosamente, pra quem gosta de rotina. E pensa que nada nunca vai mudar.
Leiam e se encham de cappuccino.
Beijos, Bela Eu.


Cappuccino de sempre
-É bom assim, na medida certa.
Seu Assis fala isso todos os dias, nos fins de tarde, quando experimenta seu cappuccino e, ao mesmo tempo, admira o corpaço de Alice, a garçonete. Depois de um longo e estressante dia de trabalho, Seu Assis vê a combinação cappuccino + Alice como o melhor método de relaxamento. Já frequenta a Cups, cafeteria em frente ao trabalho, há dois anos. Alice trabalha lá há oito meses.
Descobriu o nome da garçonete, dona de curvas únicas, perguntando ao segurança/recepcionista do estabelecimento. Sempre pede cappuccino grande e beiju recheado com coco e leite condensado. Seu Assis arquitetava há tempos um possível “Alice, vamos jantar depois do seu expediente?” ou “Quero te conhecer mais. Podemos jantar juntos?” ou “Posso te dar uma carona até em casa?” ou “Te acho linda. A gente podia se conhecer melhor!”. Na verdade, ele só queria uma chance de...? Não sabia de exatamente o quê. Ele nem era tão velho assim. Talvez tivesse uns 10 a 13 anos a mais que ela. Bem que hoje isso não é mais problema.
Alice tem 28 anos, cursa psicologia no turno matutino numa faculdade particular. Trabalha na Cups, conquista muitos clientes e pretendentes com seu carisma, beleza e simpatia. Divide apartamento com uma garota estranha de 25, que tem estilo punk e que ouve muito MPB. Gosta de sair com as amigas, mas se define caseira. Não tem namorado e não está à procura de algum.
Seu Assis passou todo o trajeto entre a Cups e sua casa pensando em Alice, isso já acontecia há algumas noites seguidas. Chegou em casa, alimentou Teodoro e recebeu como recompensa um roçar nas pernas, carinho vindo do felino. Ligou a TV e se arrependeu de ter dispensado a assinatura da TV a cabo. Que programação mais chula! Mudou de canal. Desligou a TV, ligou uma música boa. Voltou a pensar na garçonete gente boa (em todos os sentidos), via uma vantagem nisso. Quase não dormiu. Alice na cabeça. Pensou: de amanhã não passa, vou chamar pra sair!
 A manhã na faculdade foi proveitosa. Alice fez uma prova sobre psicologia infantil. Sente que vai se sair bem. Vai almoçar, muita salada, pouco carboidrato. Às 16h, corre pra Cups. Entra pela porta dos fundos, com um sorriso no rosto cumprimentando todos. Dá um carinhoso beijo na testa de D. Eunice (ou, carinhosamente, Nice) zeladora da cafeteria e melhor amiga de Alice. Prende o cabelo, checa a maquiagem, vai para o salão. Começa então mais um fim de tarde e começo de noite de muito trabalho. Mas sinceramente? Gosta do que faz.

Seu Assis chegou pontualmente ao Cups 18:15. Procurou e avistou Alice. Sentou na arejada mesa de sempre. A linda garçonete de sempre. O mesmo pedido de sempre. Elogiou Alice e o cappuccino. Disse mais:
- Alice, a gente precisa conversar. 
Ela, com uma cara de confusa, respondeu:
- Ok. 21h na pizzaria atrás da Cups.
Seu Assis começou a suar frio. Ele não tinha dito nada ainda. Que covarde! Praticamente, Alice que o chamou pra sair. Talvez ela também queira algo com Seu Assis. Talvez não.
20:30. Seu Assis pagou a conta no Cups depois de pedir, excepcionalmente, um cheesecake inteiro e comê-lo em menos de 20 minutos. Realmente estava nervoso. Foi na esquina comprar flores. Alice merecia. Às 21 se encontraram na pizzaria. Seu Assis entregou as flores, Alice agradeceu com um beijo no rosto. Foram atendidos por um moço simpático, charmoso e jovial. Pediram macarrão. A conversa fluiu agradavelmente entre os dois. Seu Assis falou de sua grande admiração pela beleza e corpo de Alice e a conheceu mais naquele diálogo. Ela agradeceu os elogios e falou um pouco de si mesma. A noite foi ótima. Seu Assis pagou a conta. Alice não precisou de carona.
Marcaram outros encontros (mas Seu Assis nunca deixou o cappuccino + Alice de lado). Se divertiam juntos, sorriam, se sentiam à vontade. Alice nunca aceitava carona. Ia embora na própria moto. Sempre se encontravam na mesma pizzaria. Uma noite, quando foram se despedir, se beijaram. Foi único, molhado, com gosto de hortelã. Beijo bom que dá vontade de repetir. Não se viam nos fins de semana, Alice tinha outros compromissos.
Seu Assis ligou na segunda de manhã, sabia que Alice estava de férias e queria companhia para o almoço. Ela, com voz apressada, confirmou presença. A pizzaria só abria à noite, marcaram em outro lugar e se encontraram. Tiveram um bom tempo juntos, como sempre. Seu Assis queria outro beijo, Alice não.
Na terça, Seu Assis teve um dia cheio de estresse, dava um breve sorriso quando lembrava do método de relaxamento cappuccino + Alice que nunca falhava. Foi pra Cups. Entrou, verificou. Alice não estava. Foi atendido por outra garçonete, pediu o de sempre. Pensou, deve estar doente. Tomou o cappuccino mesmo assim. Ficou meio relaxado. Na quarta, nada de Alice. Mais cappuccino. Na quinta, também não. Dois cappuccinos grandes. Na sexta, quando não a viu, perguntou pro segurança/recepcionista:
- Cadê a Alice?
Augusto respondeu com pesar:
-Não soube ainda? Fugiu com o garçom simpático, charmoso e jovial da pizzaria aqui atrás, Márcio. Conhece ele?
Seu Assis não tomou nenhum cappuccino naquele fim de tarde. E nunca mais foi o mesmo.