Cantoria de natal
Seu nome era Osvaldo, um peru. Nunca quis ser outro animal. Amava sua vida de peru. Morava numa
fazenda onde tinha vários amigos bois, cavalos, cachorros, vacas e até galinhas.
Viviam como uma grande família. Cantar era uma de suas atividades prediletas. Não importando o tipo de música: jazz, rock, samba e até MPB. Uma vez até substituiu o galo no
amanhecer do dia, foi uma ótima experiência.
Na rotina da
fazenda, havia uma reunião mensal, onde todos os bichos estavam juntos. O
mestre de cerimônia e líder da área animal daquele recinto era Rato Lúcio.
Começou então a assembleia. “Boa noite machos e fêmeas. É um prazer dar
início a mais um encontro da nossa sociedade. Começamos o mês de outubro e
aviso que estão abertas as inscrições para o sorteio dos animais que mudarão de
moradia. No mês de novembro será a vez dos perus, como acontece todo ano nessa
época. Se não houver nenhum peru inscrito, como aconteceu no ano passado,
faremos um sorteio. Por favor, colaborem. A assembleia está encerrada.”
Um cochicho
enorme começou a se espalhar pela fazenda. Um peru precisava mudar de moradia, de fazenda, de lar. Abandonar a família. Quem seriam os voluntários? Se é que
haveria voluntários... Osvaldo ficou pensando em cada palavra que o Rato Lúcio
dissera. Tinha que haver alguma explicação.
Osvaldo estava
procurando uma solução. Sabia que nenhum de seus irmãos iriam se inscrever, nem
ele. Mas era preciso. Alguém tinha que fazê-lo. A próxima assembleia estava
prestes a começar, e nenhum peru colocara o nome. Sorteio. Rato Lúcio começou a
falar: “Boa noite machos e fêmeas. Já é novembro, o mês dos perus. Vamos
conferir a lista”. Nesse momento, Osvaldo começou a cantar, a música que os
bichos mais gostavam: do coração. Enquanto cantava, se direcionava ao palco e
fez o restante de sua apresentação ali. Rato Lúcio olhava pra o peru cantor sem
entender o que estava acontecendo enquanto o restante dos animais vibrava com o
talento de Osvaldo.
Osvaldo tomou
o lugar de Rato Lúcio e começou seu discurso de despedida. Falou sobre os
muitos momentos únicos e felizes que tinha passado na sociedade e na sua
família, que iria embora com uma vontade louca de ficar. Ressaltou os nomes de
seus melhores amigos: Luís, o cão e Angelina, a galinha. Os animais que antes
vibravam com a música do peru, agora estavam choravam com sua fala. Rato Lúcio
entendeu a mensagem e encerrou a assembleia.
Osvaldo mudou
de fazenda. Conheceu outros perus. Não deu tempo de fazer amizade. Cantando,
foi pro abate. Usará seu corpo e fará seu show. Seu papel na CEIA de Natal é
tão importante quanto seu talento. A vida é quase justa.
Esse foi minha narrativa especial de Natal.
O texto "Cantoria de Natal" foi produzido sábado(22) com o objetivo de preencher nota da disciplina de Laboratório de Produção Textual.
As 'regras': texto narrativo; de 30-40 linhas; contendo obrigatoriamente as palavras CEIA-FAMÍLIA; título criativo.
A ideia de narrar a vida de um peru não foi minha. Meu amigo Tiago Resende (@resendetiago) me ajudou nessa, merece as honras. Valeu brow!
Comentem e deixem registrados os seus pensamentos sobre Osvaldo, o peru.
Beijos, boas festas.
Bela Analu
Ps.: não esqueçam do verdadeiro sentido do Natal. O presente de Deus para nós: Jesus Cristo, a luz do Natal.
Poxa que chato.. Por que não abateram uma galinha, peru cantor não existe assim à forra.. rsrs'. O peru que eu ''criei'' em 2005 teve um final mais feliz, era galanteador, com muita presença e que saia pelo mundo a fora curtindo as culturas mundiais e divulgando o amor pelos esportes, sobretudo o futebol.. Pena que o papel no qual ele se mantinha vivo, hoje não exista mais..
ResponderExcluirTexto engraçado de final triste. Correspondeu minhas expectativas, foi lindo! bjs
ResponderExcluirClyn.
Eita, Aiú, que criatividade!
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