quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Luda

Sente-se em uma das cadeiras de macarrão da sala acolhedora e fique à vontade. Sentada do seu lado direito uma vó babona. À sua frente, de pé em cima de outra cadeira, uma simpática garotinha, cabelo curto, vestido sujo de terra e um sorriso feliz. A menina é chamada de "amada" pela vó:
- Amada, canta a música Imagine pra mim?
A menina respondeu com um olhar de "de novo, vó?", mas cantou, lindamente. A vó olhava apaixonadamente para a menina, um amor único descrito nos olhos, das duas. Quando a música acabou, a vó abriu os braços e a caçula do caçula foi abracá-la. Mas que cena linda, queria tê-la vivido mais vezes.

Não conheci minha vó materna, mas sei de suas histórias de luta e superação, é definitivamente um exemplo pra mim. Pelo fato de o meu nome ser uma homenagem às minhas duas avós, Ana (mãe da minha mãe) Lourdes (mãe do meu pai), sempre fui muito apaixonada. A vó que lhe recebeu na sala com cadeiras de macarrão era a Luda, mãe do meu pai. Como toda vó, era louca por todos os seus netos, sabia o nome e o prato predileto de todos. Não era uma super mestre cuca mas fazia um ótimo doce de banana. Lembro saudosa do seu cuidado exagerado por mim. Sou a filha caçula do filho caçula, aí já viu né? Ela e meu vovô me amavam muito e não escondiam de ninguém esse sentimento maravilhoso.

Luda foi uma esposa, mãe e vó digna de muitas homenagens e de ser copiada. Pena que quando ainda estava por perto eu não tinha tanto talento para lhe mostrar, lhe agradecer ou lhe fazer orgulhosa por me ter como neta. Minto, tinha sim. Cantava pra ela a música Imagine, quantas vezes ela quisesse. Fazia com alegria, sabia que ela gostava da música e que amava me ver cantar em cima da cadeira. Adorava vê-la tomando café com leite com pão de sal ou biscoito mergulhado no café, faço isso hoje e me lembro com amor do seu amor. Lembro que ela valorizava a minha presença mexendo no meu cabelo, me chamando pra assistir novela mexicana no meio da tarde, ou me dizendo pra eu andar calçada.

As avós, generalizando, são todas sábias, saudosas, amáveis, briguentas, corujas, sabem fazer café, dão dinheiro pro doce, têm um armário exclusivo de vestidinhos confortáveis de usar em casa, deixam os netos andarem de bicicleta e se melarem na terra, têm na farmacinha um Biotônico Fontoura, entre outras características engraçadas e fofas de vovós.

Se você ainda tem uma vovó, ou é uma vovó, ou quer ser uma vovó, valorize essas super mulheres. Seja uma vovó que os netos lembrem com carinho, uma vovó que briga na hora certa, que dá conselho pras netas sobre namorados, que diz que quer conhecer a namorada nova do netinho, seja uma vovó única, que ama e cuida. Ame a sua vó, valorize-a, penteie o seu cabelo, assista o programa dela predileto, cante a música que ela mais gosta, tome um café com ela e pergunte sobre o dia, dê presentes em datas não especiais, ame sem medidas.

Pras avós, o amor dos netos é o melhor presente que seus filhos podem lhe dar.

Ludinha, que saudades de você! Vou cantar mais Imagine. Beijão, da Amada.

7 comentários:

  1. Bah, muito bom o post, realmente lembrar dos avós é sempre bom, sempre dá aquela vontade de ter um colo, um porto seguro, uma referência, de quem, muitas vezes, se sacrificou para nos deixar mais felizes. Agradeço a Deus pelos meus avós e pelos meus pais, eu sou o filho mais velho dos filhos mais velhos, então também fui sempre meio mimado hehehe, mas gostei muito mesmo do texto. Ligando pra eles em 3, 2, 1... (:

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  2. Adorei ver/ler você falando dela, avós são muito especiais, seres únicos, nos ajudam quando precisamos, ou brigam, mas sempre estarão junto da gente, nos apoiando sempre. *---*

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  3. Saudades da minha vó, sei que ela está me esperando la no céu e la serei sempre seu netinho tocador de violão ><

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  4. "Eu queria ir pra lá, se eu pudesse estar lá..." - esse era o trecho que a pequena 'porrocante' cantava. Muito bom relembrar episódios aqui que eu não sabia que tu lembrava! Ludinha foi realmente memorável. Assim como a lembrança - mesmo que somente nas narrativas da Diretora - da vó Ana (que eu gostaria muito de ter tido o prazer da convivência, de ser amado por ela). Inevitável não ficar emocionado. Obrigado por nos trazer isso a memória, Aiuzinha. Amo vc

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Linda homenagem! Aliás, me fez pensar no quanto a vida é passageira e o quão rápido o tempo pode passar, muitas vezes atropelando nossa ilusória sensação de que nossos pais e avós vão sempre estar ali. Para quem já não tem mais suas 'vózinhas', só resta lembrar dos bons momentos que não voltarão. Mas para aqueles que ainda as tem - meu caso, que aproveitem a doce oportunidade e retribuam todo o amor que ela nos deu/dá. Amanhã mesmo vou telefonar para a minha Diquinha e me 'auto-convidar' para um almoço. Valeu, Ana! Mandou bem. ;]

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  7. História tão bela quanto a música.. Devia ser mesmo um encontro praticamenten infindável emocionalmente e completamente revigorante, para o coração e para alma.

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Obrigada por comentar! Será um prazer ler suas linhas falando sobre as minhas. :)